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Palestra : Haroldo Maranhão, Cínico e Transgressor. Por Ernani Chaves.

  • morhyjr
  • 5 de dez. de 2017
  • 3 min de leitura

Café Filosófico

Local: Casa do Fauno

Data :30.12.2017.

Palestrante: Ernani Chaves

Tema: Haroldo Maranhão – Cínico e transgressor.



Prof. Ernani Chaves


Haroldo Maranhão, escritor paraense, nasceu numa família de empresários do ramo de comunicação. Seu pai Paulo Maranhão era dono dos jornais Folha do Norte e da Folha Vespertina, que rivalizava com A Província do Pará – do Grupo Diários Associados de Assis Chatobriant.

Na adolescência Haroldo Maranhão vai fazer 3 grandes amizades, com: Benedito Nunes, Max Martins e Mário Faustino; Haroldo |Maranhão ingressou nas belas-letras mais tarde que seus amigos, porém, deixou uma vasta obra.

Haroldo Maranhão sempre esteve envolvido com literatura e Jornalismo, tendo uma importante livraria na década de 1960, que receberá para noite de autógrafos o grande casal de filósofos existencialistas franceses Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, quando de sua visita a Cuba, fazendo escala em Belém do Pará.


Haroldo Maranhão

A literatura de Haroldo Maranhão possibilita o trabalho de questões filosóficas como de Foucault e a Psicanálise Freudiana, em especial seu livro “Jogos Infantis” de 1976, que traz narrativas curtas e bastante densas.


Sobre a filosofia Cínica:

A filosofia cínica foi retomada por Michel Foucault em seus últimos trabalhos.

A filosofia grega vai muito além de Sócrates, Platão e Aristóteles, que comungavam com o ideal de que a bela vida deve se guiar pelo princípio da medida e da proporção, logo devemos domar nossos instintos que tem no corpo sua fonte de desejos, apetites... e perigos.

Os pós-socráticos surgem num momento histórico após o auge do período clássico, surge durante a perda de autonomia política grega. Agora é o momento das sucessivas invasões estrangeiras, como a 1ª invasão por Filipe da Macedônia.

A Democracia ateniense entra em decadência e a repercussão disto deslocam as questões filosóficas.

“ Os problemas da filosofia é o resultado da confrontação dos filósofos com sua época”.

Surgem então o Epicurismo, o Estoicismo, o Cinismo e o Ceticismo.

A questão mais importante para estes filósofos era: “-Se podemos ser felizes, então como podemos? ”.

Estóicos: A felicidade só é possível com o suportar a dor e o sofrimento.

Epicurismo: Vai apostar na possibilidade da relação entre o prazer da alma e do corpo, pelo conhecimento.

Céticos: Vão apostar que só podemos ser felizes com a crença de que não se deve procurar a Verdade, pois tal gera angústia, dor e desprazer.

Cínicos: (dialogando com Foucault):

- Não esconder nada, falar francamente, dizer tudo, abrir o coração e o espírito aos outros, dizer o que se pensa (parrésia).

A Democracia favorece ou não o franco falar?

- O único exercício pleno de parrésia só ocorre no âmbito filosófico e não nas esferas políticas.

Para Foucault os cínicos levaram a parrésia ao extremo – o princípio de viver de acordo com o que se pensa.

Os cínicos se consideravam herdeiros de Sócrates.

Vivem com o mínimo possível, recusam riqueza, vivem na animalidade e não sob o jugo da razão.

De acordo com Foucault há momentos cínicos na vida e no pensamento de Sócrates:

- Não está tão preocupado com o “Conhece-te a ti mesmo”, mas sim com o “cuida de ti” (o que está quase esquecido nos dias de hoje).


Momento cínico de Sócrates:

- Sócrates volta a Atenas após um período de servir com soldado, e pergunta a Glauco: - Haveria algum belo rapaz que ele não conhecia? ”.

-Sim, há Carnides, meu sobrinho.

Carnides é chamado e todos dizem :-Ohhh!

Sócrates pede a Carnides que se aproxime e abra seu camisolão. Este assim o faz. Sócrates fica então afogueado.


Este é o Sócrates “safado”, o Sócrates Cínico.


Os cínicos trouxeram à tona uma definição do homem como um animal dentre outros; só que possui a linguagem, que os diferencia dos demais.

A animália “fala” pela experiência da Dor e do Prazer, o que nos diferencia é esta linguagem que nos leva para além das expressões do corpo.

Diógenes: “Eu sou um cão”.

Se somos como os cães o que nos diferencia é a Parrésia.



2º Momento Cínico:

Análises de Foucault

- O Cinismo ainda existe hoje?

R. Sim.

No Cristianismo e seu abandono do corpo, no desnudamento público de São Francisco de Assis, nas indiferenças aos bens materiais e no viver com o mínimo.


3º Momento Cínico:

Encontra-se nos sacrifícios dos poetas e artistas modernos pela busca da Verdade.

Em Baudelaire no seu poema “Os bons cães” é solidário com os pobres, trapeiros, catadores de refugos...

Em Haroldo Maranhão: Procura se filiar com a tradição Cínica em poetas brasileiros, como Manoel Bandeira, presente na epígrafe de seu livro “Jogos Infantis”.

Neste livro Haroldo Maranhão transgride os limites e os papéis das crianças ao mostrar suas iniciações sexuais, dos professores (sedutores), mostra campeonatos de masturbação, erotismo entre garotos...



 
 
 

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